YouTube da agremiação transmitiu a final ao vivo
RIO DE JANEIRO – Na madrugada do domingo (20/10) a Estação Primeira de Mangueira escolheu o hino do seu Carnaval 2025. A parceria de Lequinho e Cia. levou a melhor na disputa que ocorreu no Palácio do Samba e irá representar o enredo “À flor da terra, no Rio da negritude entre dores e paixões” na Marquês de Sapucaí.
A escolha do hino que a Verde e Rosa foi acompanhada ainda do um show inédito “Giras da Mangueira”, que contou com a participação de diversos segmentos e alas da agremiação e mostrou a centralidade das rodas na cultura bantu e preta.
A presidente da Mangueira, Guanayra Firmino, saudou todos os presentes e parcerias participantes e na sequência, após uma breve execução de sambas-enredos consagrados da agremiação, foi feito o anúncio da escolha.
Personalidades da própria agremiação e do mundo do samba marcaram presença na Grande Final, que terminou com uma grande e tradicional celebração às 5h em frente ao Palácio do Samba.
Em 2025 a Verde e Rosa apresenta na Marquês de Sapucaí o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social”. Desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, o enredo vai levar para a avenida um olhar sobre a presença dos povos bantus na cidade do Rio de Janeiro. Eles representaram a maioria dos negros que foram escravizados e trazidos ao Cais do Valongo, na Pequena África. A Mangueira retratará a vivência dessa população em toda a cidade, mostrando como sua história floresceu em solo carioca.
Confira abaixo a letra do samba vencedor:
Compositores: Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim
Sou Luanda E Benguela
A Dor Que Se Rebela, Morte E Vida No Oceano
Resistência Quilombola Dos Pretos Novos De Angola
De Cabinda, Suburbano
Tronco Forte Em Ribanceira, Flor Da Terra De Mangueira
Revel Do Santo Cristo Que Condena
Mistério Das Kalungas Ancestrais
Que O Tempo Revelou No Cais
E Fez Do Rio Minha África Pequena
Ê Malungo, Que Bate Tambor De Congo
Faz Macumba, Dança Jongo, Ginga Na Capoeira
Ê Malungo, O Samba Estancou Teu Sangue
De Verde E Rosa Renasce A Nação De Zambi
Bate Folha Pra Benzer Pembelê, Kaiango
Guia Meu Camutuê, Mãe Preta Me Ensinou
Bate Folha Pra Benzer, Pembelê, Kaiango
Sob A Cruz Do Seu Altar Inquice Incorporou
Forjado No Arrepio Da Lei Que Me Fez Vadio
Liberto Na Senzala Social
Malandro, Arengueiro, Marginal
Na Gira, No Jogo De Ronda E Lundu
Onde A Escola De Vida É Zungu, Fui Risco Iminente
O Alvo Que A Bala Insiste Em Achar
Lamento Informar… Um Sobrevivente
Meu Som Por Você Maculado
Sem Ser Convidado Pela Burguesia
Tomou A Cidade De Assalto
E Hoje No Asfalto A Moda É Ser Cria
Quer Imitar Meu Riscado, Descolorir O Cabelo
Bater Cabeça No Meu Terreiro
É De Arerê, Vento De Matamba
É Dela O Trono Onde Reina O Samba
Sou A Voz Do Gueto, Dona Das Multidões
Matriarca Das Paixões, Mangueira
O Povo Banto Que Floresce Nas Vielas
Orgulho De Ser Favela
Sobre a Estação Primeira de Mangueira:
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira (ou simplesmente Estação Primeira de Mangueira) é uma tradicional escola de samba brasileira da cidade do Rio de Janeiro conhecida e admirada em todo o planeta. A agremiação, que tem nas suas cores (verde e rosa) uma de suas marcas registradas, acumula 96 anos de glórias e de histórias e é uma das mais importantes instituições culturais do Brasil. Seus símbolos, o surdo, a coroa, os ramos de louros e as estrelas podem ser vistos na bandeira da escola. Tornou-se um celeiro de bambas que despontou e inspirou lindas obras decantadas em todo o mundo. Foi fundada em 1928, no Morro da Mangueira, pelos sambistas Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, entre outros. Sua quadra está sediada no bairro do mesmo nome. Detém vinte títulos do carnaval. Atualmente, é presidida por Guanayra Firmino, primeira mulher eleita presidente da Mangueira. (https://mangueira.com.br/)